Lisbonense

A Lisbonense continua hoje a ser, para mim, a referência em termos de sapatos de criança, porque era sempre um sem fim de caixas amontoadas até acertar no tamanho e na cor das botas ortopédicas. Mais, tarde, devido a problemas de saúde da minha mãe, também passei a ter de encomendar por medida os sapatos para ela. Qualidade de materiais, profissionalismo das pessoas e sempre impecáveis, pelo menos, para pés menos certeiros

Confesso: nunca fui grande fã de moda. Quando vejo um desfile, só consigo reparar no olhar frio e nas pernas magérrimas das manequins e ignoro o vestuário e os acessórios; ao sair de casa, visto a primeira peça de roupa que vejo à frente e nunca sei, nem me preocupo, se o botão da camisa combina com o fecho-​éclair, sem falar que fico completamente «a boiar» ao ouvir termos, como «aquele casaco é off-​white», «que lindo top cropped!» ou ainda «ficarias melhor com um social wear…».
Perante tanto desconhecimento, é melhor que acreditem em mim quando escrevo que a Sapataria Lisbonense não deixa nenhum cliente indiferente, mesmo aquele que considera que os sapatos são um mero acessório para proteger os pés do frio ou do calor. Decerto que são centenas de metros quadrados, distribuídos por dois pisos, com calçado para todos os pés: entre algumas secções que espreitei, vi sapatos de desporto, clássicos (para Homem e Senhora), infantis, juvenis e até ortopédicos, nos mais variados tamanhos, cores e texturas. Se, ao visitarem a Sapataria Lisbonense, não encontrarem o calçado que tanto desejam, então procurem melhor! Nesta loja, não falta nada!

Falar da lisbonense da baixa é voltar à infância e aos meus sapatos de pele de cordeiro com atacadores e biqueira reforçada. Tinham que durar, pelo menos, um ano! O ritual passava pela Casa Africana — já inexistente — para as roupas e acabava na Lisbonense para o calçado. E eu adorava esse dia de compras. Continuei a comprar lá os sapatos dos meus filhos e, ainda hoje, quando quero renovar os meus sapatos abotinados é lá que vou. Tradições!!!