Casa Conveniente

Sim, sim, sim!
Sim é excelente a existência da Casa Conveniente, sim não me esqueço que está ali no Cais do Sodré à nossa espera. Sim sigo a agenda e sempre que posso vou, aproveitando o que ainda há de bom e acessível e com alguma intervenção na cultura.
Esta companhia de teatro é conveniente que aqui esteja a lembrar o quão é necessária. Não é nada conveniente nas peças que traz, sempre peças de intervenção, de carne, de sentidos.
Não vou lá há algum tempo nem sei se continua aberta devido aos cortes da cultura. Mas se fechou. Vergonha inconveniente!

Quem diria que num espaço tão simples, quase se assemelhando, no exterior, a um rés-​do-​chão banal, podia morar tanta vida, tanta proximidade, tanta partilha, tanta arte? É tão bom que nem os vizinhos reclamam! No meio dos mais conhecidos bares do Cais do Sodré, a sede da companhia de teatro Casa Conveniente firma-​se cada vez mais como um ponto obrigatório no roteiro cultural de Lisboa, constituindo-​se como uma alternativa a conhecidos palcos grandiosos da capital.
É conveniente escrever que os espetáculos desta Casa podem causar «pele de galinha», devido à intensa aproximação entre o pequeno palco e os espetadores. Foi o que aconteceu comigo quando assisti ao espetáculo «A Virgem Doida», de Rimbaud, a primeira criação da Casa Conveniente que Mónica Calle, diretora da companhia, reapresentou há pouco tempo. A crueza da interpretação de Calle marcou-​me, até hoje, e foi o cartão-​de-​visita para regressar constantemente a este espaço. Sinto-​me sempre em Casa!