Bebé Elegante

Passo por esta loja montes de vezes, mas nunca me sinto compelida a entrar… mas desta vez, disse para mim própria que independentemente da montra, poderia até lá dentro ter coisas que valessem a pena e porque até admiro, o esforço para manter o negócio aberto, entrei!!!
Confesso que até me supreendeu pela positiva, pois dentro das coisas mais simples e com que sempre se vestiu um bébe, havia até alguma oferta.
Não ia à procura de nada de especial, mas acabei mesmo por abrir os cordões à bolsa, quando me deparei com umas camisinhas para recém-​nascido, amorosas, com golas com bordados do tipo da Madeira.
Comprei para oferecer, não só porque as achei amorosas, mas porque as achei super em conta. A roupa de bébe, é geralmente caríssima, e como estou à espera de mais dois sobrinhos netos, decidi despachar já a coisa.
Fiquei satisfeita, e tenciono lá voltar, pois há coisas clássicas que se vendem em qualquer lado, e quanto mais barato melhor, portanto, Bébe Elegante contem comigo para ajudar a manter o negócio, pois eu vou voltar!!!

Há nesta loja um esforço comovente para ser moderna.
Entrei porque fui convidada para ser madrinha da filha de uma amiga e a primeira tarefa que me cabe ao fadar a menina — para além de gostar dela muito desde o princípio — é oferecer-​lhe o vestido da cerimónia.
Muitas opções, aqui, só faltou a minha.
O clássico — que é, assumo, o meu estilo (mesmo para crianças), aqui é levado ao exagero porque na verdade é um clássico rococó e não um clássico clean. Os modelos pecam pelo exagero mas vi que enquanto estive na loja a clientela foi em grande quantidade e existe de facto um consumidor (mais consumidoras no caso) que procura e gosta deste tipo de produto.
Eu fui muito bem atendida, com imensa boa vontade e devi dizer que com exceção de certas roupas com folhinhos exagerados que podem perturbar o bebé havia artigos 100% algodão.
Eu saí de lá com um babygrow confortável e giro que era o mínimo que eu podia ter feito depois de tanta ajuda a tirar das prateleiras dezenas de vestidos com os quais a minha afilhada não se batizará.

Desde que há pouco mais de um ano sou tio de uma menina, que dou por mim a abrandar o passo assim que me aproximo de uma loja para crianças. Não sei por que é que tenho este reflexo, mas suspeito que a culpa seja da pequenita que está permanentemente na minha cabeça a dizer «palhaço», a fazer caretas e a imitar o som de um mocho. Estava eu a passar pela Almirante Reis quando ao longe li num toldo azul: «Bebé Elegante — Pronto a vestir dos 0 aos 16 anos.» Coisas muito confusas me passaram desde logo pela cabeça. Desde miúdos de 16 anos vestidos de bebé até à dúvida sobre a possibilidade de aplicar a lógica do prêt-​à porter ao universo dos recém-​nascidos. Enfim. Atravessei a estrada e entrei. É uma loja extremamente recheada de roupa mas, digamos, um tanto ou quanto «creepy». Toda a roupa é bastante datada e imagino que as últimas crianças que se vestiram assim, tinham um rádio em vez de um Iphone e não faziam ideia do que raio signfica «swag». Se quisesse podia dizer que era uma loja kitch mas não é, é apenas uma loja que parou no tempo. Aqui encontramos roupas de cerimónias (aqueles vestidinhos compridos dos baptizados, etc.) e outras coisas mais estranhas, quando associadas a bebés. Vestidos totalmente prateados ou camisas com folhos, por exemplo. Quem é que quer um bebé vestido de Casanova e uma bebé com um estilo cruzado entre a Cher e um marciano? Os manequins são igualmente antigos e lembram bonecos de ventríloquos, o que só ajuda a este festim bizarro-​infantil. Por outro lado, tem uma vasta colecção de roupa de Carnaval para os pequenitos e isso já é qualquer coisa.